Espaço público, Cultura, Política, Comunidade, Território, Pessoas

Cidade minha

Cidade minha,

Prometo ser estrangeiro nos teus lugares
para admirar-te,

E tentar ser bom filho para cuidar-te,
em júbilo ou infortúnio

Amorosamente acariciar-te no passeio,
sentar-me no teu colo e brincar à procura de todos os sinónimos do afago e da ternura que me brindas.

Quando, adulto quotidiano, esqueça a maravilha que me dás
ou, homem sem canto, comece a baralhar-te
Lembra-me tu,
cidade minha,
com brilho ou contraluz,
a falta
e dá-me a indulgência doutro dia nas tuas cores.

Concede-me a graça de avisar-me das aves que passam ou pousam nos teus ombros

do arbusto que a inépcia não me deixou sonhar e abraçar devidamente

E da montra renovada do armarinho,
da novidade em azeviche
dos perfumes das lojas que te nutrem
da mercearia em que cumprimento alegremente as empregadas

E de todas as tuas gentes de bem,
cidade minha,
que bem te querem,
cidade nossa,
paciente acolhedora de quem as tuas ruas chega,
cidade gemente silenciosa lacerada de agravos que não impedimos.
Dá-nos, por isso, a tua força e não só o teu consolo
para lavar as feridas
com a seiva das tuas árvores antigas e das tuas mais novas crianças.

E deixa-me ser estrangeiro e natural de ti,
surpresa, pasmo, sobressalto,
confabulado, íntimo,
modesto cúmplice com todas as gentes tuas
da solidez do teu gesto
e da ternura que em ti habitamos.

De ti e em ti, cidade minha,
sentado e em pé para os teus passos
mão na parede
olhos no infinito das tuas atmosferas
e janelas abertas aos sorrisos
para ficar gravado tudo
no âmago da alma que me deste.
E assim seja

Sobre o autor

Elias J. Torres Feijó

Tenta trabalhar coletivamente e acha que o associativismo é a base fundamental do bom funcionamento social e comunitário. A educação nos Tempos Livres é um desses espaços que considera vitais. Profissionalmente, é professor de Literatura, em origem, e, mais, na atualidade, de Cultura.

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Doutor engenheiro agrónomo, professor de Engenharia Agroflorestal na Universidade de Santiago de Compostela. Autor de vários livros e artigos científicos, tem colaborado em diversos meios de comunicação, como A Nosa Terra, El Progreso, Vieiros e Praza Pública.

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Polemista e tamén escritor. Autor do ensaio "A Causa das Mulleres". A quen lle interese lelo pode solicitalo neste blog e enviaráselle ao enderezo correspondente sen custo ningún do exemplar nin do transporte.

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Espaço público, Cultura, Política, Comunidade, Território, Pessoas… Viva Cerzeda é a comemoração, para nós, da amizade, do bom humor sempre que possível e de tentar contribuir com algumhas ideias e opiniões para entender(mos) e atuar(mos) do melhor modo o mundo… É ambicioso mas é-che o que há… e para mais não damos…

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