No passado Concurso de Remédios,
Recentemente recuperado,
A praça cheia,
Houvo propostas de interesse.
Surpreendeu, gratamente,
A de lavar a cara em água morna de berças,
Após cozedura,
lenta,
das berças,
Embora não ficasse claro se o remédio proposto
era-o por razões pátrias ou cosméticas,
Ou as duas.
Avançou-se no desenvolvimento doutras,
materiais e imateriais, nem sempre de provado benefício para corpo ou espírito.
E mesmo um senhor, esbelto, quarenta anos no máximo
(não um velho sábio, não umha criancinha, nem umha mulher valorosa, como caberia esperar)
Propujo um pouco de amor,
com natural e não paradoxal pieguice,
que o pessoal aplaudiu satisfeito e mesmo com algumha palmada nas costas,
(esta, certamente, com gestos condescendentes,
diga-se a verdade,
de déjà vu)
Mas com a feliz rotundidade que as boas lembranças sempre trazem e acarinham,
Com esse sentimento de pertença que geram, de íntima consciência de fazermos parte da mesma confraria.
Ainda que às vezes fraquejemos, a ela nunca renunciamos.
Sim, esse conforto de que ainda não esquecemos as palavras fortes entre os nossos remédios.
Menos êxito tivo o senhor esbelto,
Elegante nos seus vestidos simples,
Bonito,
Quando tentou precisar
que era compaixão
o que queria dizer.
Umha pouca, quijo matizar.
Vir com umha proposta de remédio,
De verso e alcance curto,
tão ténue, em desuso,
depois da solenidade proclamada do amor, tirada longa,
por pouco que este fosse
Não calhou,
entre alguns murmúrios e seis olhos atentos.
Ainda bem,
para o sucesso do concurso,
que o silêncio,
pouco também,
que provocou,
foi rapidamente redimido pola proposta do lavado de cara em água de berças,
que levou muita gente a interessar-se por ela
e a definitivamente integrar aquele conforto do Amor, a palavra, primeira,
nos bons remédios.
O mundo da praça recomeçou no seu alvoroço
Deixando um alguém a olhar,
para a esta crónica dar sentido
e tentar procurar como abrir caminho
ao evidente ridículo da proposição.