Acampemos aqui:
O lugar é fresco, limpo o rio para o banho,
A fonte não está longe: logo ali, onde a vimos à beira do caminho,
onde a senhora da horta nos indicou,
a senhora que nos vendeu a verdura, boa para cozer,
e ofereceu os tomates para a salada.
Poderemos orientar as tendas ao sul – sul-oeste,
ficarão quentinhas para a noite.
O vento de ali vem mas é pouco e não parece que chova.
Latrina ao norte, claro, resguardada.
E a cozinha deste lado, a leste, ao lado do cabaço.
E aí a zona para jantar, ao pé do castanheiro.
Para os jogos, a leira que sobe para a carvalheira é beleza, ele notou.
Baixo aquela árvore tocará viola a mais querida,
quando o lusco-fusco anuncie a ceia
e o jogo seja identificar os cantos dos pássaros.
Fermosa será a Eira dos Encontros, lindo nome pensaste para assentarmos nestas pedras!
A velada pode ser aí, ao pé das tendas, a nossa mágica promete novidades!
com a fogueira um pouco além
e espaço para acolhermos as vizinhas que aí vinherem.
E para poder ver as cinzas ao lume dormitando
enredando entre os contos da noite
e, com elas, sonhar.
“Acampemos aqui!”
Assim dirá algum dia tua filha a minha filha
Como hoje proponho eu “acampemos aqui!”
E voltará esse frio feliz que hoje acolhemos,
vibração macia da saudade deste lugar
que antes de partir sentimos já deixar atrás
para ir mais longe, intermináveis,
sem elas de nós nem nós delas o sabermos.